Celebramos hoje no calendário litúrgico, a memória de S. Nicolau, Bispo de Mira, na Lícia (hoje Turquia), morreu nos meados do século IV e foi venerado em toda a Igreja, sobretudo a partir do século X.
Nota Histórica
Foi Bispo de Mira (na Turquia) e tem o seu dia reservado na Igreja a 6 de Dezembro de cada ano. O seu culto remonta ao século VI e pela sua popularidade, tornou-se protector dos famintos, das raparigas pobres, dos perseguidos, contra as heresias, dos comerciantes, dos marinheiros e navegantes e das crianças. Para além disso, São Nicolau é o glorioso Patrono dos Estudantes, em homenagem ao facto de ter ressuscitado três estudantes que haviam sido esquartejados por um estalajadeiro e também, pelo saber manifestado contra os inimigos da fé.
É curioso verificar que, com origem no norte da Europa, ainda hoje este santo é venerado, sendo o originário da figura universal do Pai Natal (Santa Klaus, Saint Nicholas).
Tendo-se espalhado e enraizado por todo o ocidente europeu, o culto de S.Nicolau entrou em Portugal, tendo a sua celebração lugar, sobretudo, no centro e norte do país, tendo adquirido em Guimarães uma fixação especial.
Em Guimarães, o culto a S.Nicolau chegou através das influências exercidas pelos Romeiros de Santiago (que ainda hoje existem em Portugal e de forma organizada) sobre o centro e norte de Portugal, chegados através do Caminho de Santiago, bem como, pelas tradições do culto ao Padroeiro dos Estudantes, trazidas da Universidade de Coimbra (onde existiu uma Irmandade de S.Nicolau fundada em 1144) e da Universidade de Salamanca (onde existiam as célebres “Caminhadas de São Nicolau”), pelos estudantes vimaranenses que aí cursavam no ensino superior.
Desde 1691, existe formalmente em Guimarães a “Irmandade de São Nicolau”, de que são irmãos todos os nicolinos e vimaranenses em geral e que tem tido ao longo dos séculos um papel fundamental na manutenção do culto ao Padroeiro dos Estudantes. Quer através da recente reconstrução da Capela de S.Nicolau (a Capela de São Nicolau havia sido construída pelos estudantes de Guimarães, em 1664), situada no Largo da Oliveira ao lado da Igreja de Nossa Senhora da Oliveira, quer através da organização da missa do santo, todos os anos, no domingo mais próximo do dia 6 de Dezembro, na Igreja da Oliveira.
A esta cerimónia comparecem os irmãos, os estudantes novos e velhos e os populares em geral, numa cerimónia carregada de tradição e que se pode classificar como um verdadeiro hino ao vimaranensismo.
Missa
ORAÇÃO
Protegei o vosso povo, Deus de misericórdia, e, por intercessão do bispo São Nicolau, guardai-nos de todos os perigos no caminho que conduz à salvação. Por Nosso Senhor.
Liturgia das horas
Do Tratado de Santo Agostinho, bispo, sobre o Evangelho de São João
(Tr. 123, 5; CCL 36, 678-680) (Sec. V)
A força do amor vença o temor da morte
O Senhor pergunta, não uma, mas duas e três vezes o que já sabia: se Pedro O amava; e por três vezes ouve de Pedro repetir que O ama; e por três vezes faz a Pedro a mesma recomendação, de apascentar as suas ovelhas.
À tríplice negação corresponde a tríplice confissão, para que a língua não sirva menos ao amor que ao temor, e não pareça que a iminência da morte o obrigou a falar mais do que a presença da vida.
Seja serviço de amor apascentar o rebanho do Senhor como foi sinal de temor negar o Pastor. Os que apascentam as ovelhas de Cristo como se fossem suas e não de Cristo, mostram que não amam a Cristo mas a si mesmos.
Contra esses, que também o Apóstolo censura dizendo que procuram os próprios interesses e não os de Cristo, estas palavras que o Senhor repete insistentemente são uma séria advertência: Amas-Me? Apascenta as minhas ovelhas.
Quer dizer: se Me amas, não penses em apascentar-te a ti mesmo, mas sim as minhas ovelhas: apascenta-as como minhas, não como tuas; procura nelas a minha glória e não a tua; a minha propriedade e não a tua; os meus interesses e não os teus; não sejas daqueles que nos tempos de perigo só se amam a si mesmos e tudo o que deriva deste princípio, que é a raiz de todo o mal. Os que apascentam as ovelhas de Cristo não se amem a si mesmos; não as apascentem como próprias, mas como de Cristo.
O defeito que mais devem evitar os que apascentam as ovelhas de Cristo consiste em procurar os interesses próprios e não os de Jesus Cristo, destinando ao proveito próprio aqueles por quem Cristo derramou o seu sangue.
O amor de Cristo deve crescer até atingir tal grau de ardor espiritual naquele que apascenta a suas ovelhas, que supere mesmo o natural temor da morte, que nos leva a não querer morrer, ainda que queiramos viver com Cristo.
Mas, por maior que seja o temor da morte, deve ser superado pela força do amor Àquele que, sendo a nossa vida, quis também padecer a morte por nós.
Com efeito, se na morte não houvesse nenhum sofrimento, não seria tão grande a glória dos mártires. Mas, se o Bom Pastor, que deu a vida pelas suas ovelhas, suscitou tantos mártires entre as suas ovelhas, quanto mais devem lutar pela verdade até à morte, e até ao sangue, contra o pecado, aqueles a quem o Senhor confiou a missão de apascentar as suas ovelhas, isto é, de as instruir e orientar?
Perante o exemplo da paixão de Cristo, e ao pensar em tantas ovelhas que já O imitaram, quem não compreende que os pastores devem ser os primeiros a imitar o Pastor? Na verdade, os mesmos pastores são também ovelhas do único rebanho, governado pelo único Pastor. De todos nós Ele fez suas ovelhas, por todos nós padeceu; e, para padecer por todos nós, Ele mesmo Se fez Cordeiro.
Sem comentários:
Enviar um comentário